Pensei que ele havia ido embora, partido de vez afinal, fazem alguns anos que não dá as caras, que nem sequer me lembrava dele mas eis que do nada, adivinha! O tal me aparece dos escuros escombros pretéritos onde acreditei de forma vã tê-lo sepultado para sempre.
Não sei o que houve, algo que vi na TV que talvez tenha acionado o gatilho, do nada, ele me chama: _Ei! Não fui embora, ainda estou vivo, não me deixe perecer! A partir daí começou a me contar ou melhor, me lembrar do seu tempo áureo, aquele em que andava sob a luz do sol e à vista d mundo onde fora forjado entre seus irmãos e iguais, lado a lado, entre o malho e a bigorna, em cima e embaixo, com o tórrido rubor da fornalha tingindo de rubro o horizonte de um irônico céu com tonalidades infernais.
Sente falta, o infeliz, de sentir o frio do aço em contato com a face, de ver a vida passando diante de si pela pequena lingueta metálica, massa sobre a sinistra abertura que a qualquer momento pode drasticamente alterar o curso de uma vida, esteja esta além ou aquém da fatal câmara. Até mesmo dos humores mefíticos é saudoso, de certa forma, claro. Dos fumos e brumas que evoluem nas tenras e imaturas horas matinais envolvendo seu mundo em diáfano manto que dá um ar fugazmente sobrenatural àquilo, mas somente até o momento no qual o clangor de metal e madeira o puxam de volta à realidade ao mesmo tempo em que dou por mim percebendo que a madrugada há muito já se foi e a manhã segue avançada, mas não ralho com ele pois se não fosse comigo, com quem mais poderia compartilhar tamanha nostalgia?
Te agradeço GUERREIRO por essa honra, mas é hora de voltar a seu repouso sob as grossas camadas do tempo, mas é sempre bom lembrar que um TIGRE nunca perde as suas listras.
FORCA E HONRA!!!!!!
CAVEIRA!
TIGRE 01