sexta-feira, 30 de março de 2012

Capítulo oito: AMIZADE


O contato feito naquela tarde com aquela pessoa de fácil trato e prosa boa rápida e automaticamente se convertera em amizade profunda, devido talvez ao fato de que se encontrava só naquela cidade de grades e muros já fazia algum tempo. Conversava somente com os companheiros de labuta e mesmo assim os assuntos não chegavam a lhe agradar. A maioria só conseguia mesmo era reclamar do destino que os havia jogado naquele lugar e muitos dos outros estavam já perdidos no mundo das drogas, descontando as dores da alma na infame pedra de crack. Notava os trabalhadores realmente definhando a olhos vistos e somente tinha certeza de uma coisa: Não abandonara sua família tão longe para sofrer destino semelhante. Não senhor, seu objetivo ali era na verdade, ganhar seus mil contos por mês e trazer a todos os queridos, eles mereciam sair da miséria do sertão!
As saídas com o novo amigo já ficaram comuns, sempre que tinha algum sobrando, que não era guardado na sua latinha, dava um pulo lá no Centro para colocar a papo em dia e saber das novidades entre a comunidade. Contava a Baianinho suas histórias sob o sol escaldante da caatinga e ouvia sobre sua caminhada desde a chegada na cidade até trabalhar para uma família de certas posses.
_Raimundo, então é verdade que você já plantou palma até em terreno perdido onde nasce nem pedra?
_Claro que sim cabra, tá me chamando de mentiroso?
_Que isso moço, me entenda errado não! É que quem consegue plantar isso planta qualquer coisa, e isso tá me dando uma ideia da porreta!

domingo, 18 de março de 2012

A morte do Pintinho Amarelinho


Hoje eu coloquei uma nova definição ao verbete "Decadência" em meu dicionário pessoal.
Domingo frio e tedioso, resolvo zapear pelos canais da tevê aberta tentando encontrar algo de interessante para assistir, pois já estava ficando louco diante da tela do computador e me deparo com uma cena no mínimo ridícula (pelo menos para mim).
O antes garoto prodígio do Sr. Abravanel está apresentando um quadro de humor (tentando) nos moldes de escolinha! Isso mesmo! Escolinha! Até o Tiririca, Renato Aragão e Chico Anísio desistiram da batida fórmula e o garoto dourado do homem do baú começa a tentar entreter ou dissolver os cérebros de seus espectadores. Uma pessoa que nem quando colhia os louros de abundante assistência conseguia fazer drama se aproveitando das mais terríveis mazelas alheias agora quer fazer rir com clichês baratíssimos e sem noção, se servindo de estereótipos truncados a fim de entreter uma população cada vez mais carente de cultura.
Mas o que podemos esperar de alguém que alcançou o topo do sucesso cantando "Pintinho Amarelinho"? Fui muito ingênuo de pensar diferente.
Mais que depressa, desligo a tevê e volto ao computador, já que estamos falando de humor, que seja stand up, um pouco de inteligência florescendo no meio do deserto de entretenimento brasileiro.
Ah, tem mais uma coisinha: Desliguei rápido pois estava morrendo de medo de depois dos comerciais, me deparar com o apresentador sentado em um banco de praça gritando ao ouvido de uma idosa com problemas auditivos.
Pensando bem, acho que vou é ler um livro!