sexta-feira, 30 de março de 2012

Capítulo oito: AMIZADE


O contato feito naquela tarde com aquela pessoa de fácil trato e prosa boa rápida e automaticamente se convertera em amizade profunda, devido talvez ao fato de que se encontrava só naquela cidade de grades e muros já fazia algum tempo. Conversava somente com os companheiros de labuta e mesmo assim os assuntos não chegavam a lhe agradar. A maioria só conseguia mesmo era reclamar do destino que os havia jogado naquele lugar e muitos dos outros estavam já perdidos no mundo das drogas, descontando as dores da alma na infame pedra de crack. Notava os trabalhadores realmente definhando a olhos vistos e somente tinha certeza de uma coisa: Não abandonara sua família tão longe para sofrer destino semelhante. Não senhor, seu objetivo ali era na verdade, ganhar seus mil contos por mês e trazer a todos os queridos, eles mereciam sair da miséria do sertão!
As saídas com o novo amigo já ficaram comuns, sempre que tinha algum sobrando, que não era guardado na sua latinha, dava um pulo lá no Centro para colocar a papo em dia e saber das novidades entre a comunidade. Contava a Baianinho suas histórias sob o sol escaldante da caatinga e ouvia sobre sua caminhada desde a chegada na cidade até trabalhar para uma família de certas posses.
_Raimundo, então é verdade que você já plantou palma até em terreno perdido onde nasce nem pedra?
_Claro que sim cabra, tá me chamando de mentiroso?
_Que isso moço, me entenda errado não! É que quem consegue plantar isso planta qualquer coisa, e isso tá me dando uma ideia da porreta!

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