segunda-feira, 7 de março de 2011

Meu Carnaval




Como diria a musica do Biquini Cavadão, nunca há de se mudar a superioridade da natureza sobre o homem. Mas dessa vez eu tinha acreditado... políticos e engenheiros contaram estórias e fizeram cálculos, disseram que pertencia ao passado as tristes lembranças de águas turbulentas casas adentro, levando consigo as memórias e recordações de até mesmo uma vida inteira...

Vã esperança, nos últimos suspiros do domingo de Carnaval, acordo com a rua em alvoroço, mulheres pedindo socorro e crianças aos prantos. A água invadira o espaço tomado pelos homens, e cobrava seu preço por tanta falta de respeito. Simplesmente resolveu tomar o curso que lhe era mais conveniente, e, para encurtar distâncias entre meandros, pegou o caminho mais fácil, ou seja, entre as casas, sendo a minha peça principal a ser tomada, o percurso mais rápido entre dois pontos.

Em questão de dez minutos, o volume da enxurrada tomou proporções tsunamicas (palavra nova para passar a dimensão da coisa) e arrancou como se fosse um brinquedo o portão da garagem e derrubou o muro dos fundos.

Salvo o que deu tempo, pouca coisa, restou assistir o fenômeno natural devorar tudo que encontrava pela frente, roupas, móveis, animais...

Quase três horas de agonia e o rio resolve retornar ao leito original, nem um pouco sereno, enquanto a chuva continua a fustigar os moradores da rua, que com rostos desconsolados recolhem cacos e fragmentos de suas vidas entre a lama, entulho e outras surpresas nada agradáveis que somente quem passou por esse tipo de situação pode imaginar.

Tive meu prejuízo, não foi pouco nem foi muito, mas só consigo pensar nas vítimas da catástrofe no Rio de Janeiro. Ainda bem que na época colaborei com o que pude, e espero sinceramente que as cicatrizes daquele evento sejam pelo menos maquiadas pela solidariedade do brasileiro.

Paz!

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