domingo, 2 de outubro de 2011

Capitulo DOIS: "JACARÉ"


“JACARÉ”

Ele não tem culpa de ser assim. Este é o pretexto que dá a si próprio para as ações de moral duvidosa que costuma colocar em prática. Vítima da sociedade. Mas nem precisa mais se desculpar, está refratário a sentimos análogos ao remorso, está forjado a ferro e a fogo. É feito do mesmo material do qual são feitas as ruas da grande capital. É feito de concreto, aço e pólvora.

Jacaré. O verdadeiro nome se perdeu com o passar dos anos e das instituições. As poucas e próximas pessoas que o conheciam já não estão mais sobre a Terra. Este é o preço que se paga por ganhar, ou tentar ganhar a vida com facilidade no bairro do Campo Limpo, que de limpo mesmo só leva o nome, e que esconde a verdadeira qualificação dessa controversa figura.

Adotou o pseudônimo do perigoso réptil por carregar uma característica em comum, morde o que está ao seu alcance, e quando acerta o bote, o que geralmente acontece, arranca pedaços substanciais e deixa sua vítima à deriva. Esta geralmente sucumbe ante o estrago infligido.

Utilizando-se de eficientes métodos de mimetismo social, charmoso e sedutor, se aproxima sorrateiro, abocanha e ludibria pessoas ingênuas para sua própria vantagem.

Hoje longe da vizinhança de origem para sua própria sobrevivência, mora em um antigo escritório localizado no interior de uma oficina abandonada bem perto de seu local preferido para granjear novas presas.

Predador ou parasita, até agora não conseguiu definir em qual categoria se encaixa, apesar de se considerar um simples artista da oportunidade.

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