quinta-feira, 11 de agosto de 2011




Hoje a tarde eu assisti a uma refilmagem de um programa que eu simplesmente amava quando era criança. Um programa que mostrava as aventuras de um garoto e seu fidelíssimo companheiro, um belo cão pastor alemão chamado Rin Tin Tin. O filme data de 2005, e diferente das histórias retratadas na antiga série não se trata da época da cavalaria, mocinhos contra peles vermelhas defendendo paliçadas de fortes americanos. O que nos é passada nesta película é a história original, com os pequenos cães encontrados em um abrigo anti-bombas alemão na França ocupada durante a Primeira Grande Guerra. A mãe e três filhotinhos sobrevivem a um ataque aéreo, assim como o folclórico casal francês que escapa de semelhante ataque se escondendo nos túneis do metrô. O nome? Rin Tin Tin e Nannette, que segundo a lenda local, viraram amuletos da sorte em forma de bonecos de crochê. Os pequenos animais são separados entre si e da mãe e o assunto se foca no nosso herói, Rinti, como é carinhosamente chamado. Como todo pastor alemão, um atleta. Ágil e esperto, inteligente e de quebra, ainda fazia uns truques bem bacanas e acompanha seu companheiro humano nas missões mais perigosas e até mesmo nas aventuras mais pitorescas.
Cruel ironia... somente esperei o filme acabar para levar a Tammy em uma consulta veterinária. Para quem não a conhece, se trata do pastor alemão mais doce e carinhoso desse mundo, que após trabalhar comigo no canil da instituição de segurança pública na qual sirvo, veio passar seus felizes últimos dias na companhia de minha família, e nisso já se vão seis anos!
Ela, como todo pastor alemão, é uma atleta. Ágil e esperta, inteligente e de quebra, faz uns truques bem bacanas mesmo. Além disso me acompanhou nas mais perigosas missões e até mesmo nas aventuras mais pitorescas, além de ser minha mais fiel confidente.
A diferença entre o herói do cinema e a heroína da vida real? Ela foi diagnosticada com uma doença terrível tanto para cães quanto para humanos... Leishmaniose, uma condenação a morte para um ser inocente e sem malícia, condenação cruel de um ser incapaz de causar mau a qualquer criatura.
mesmo após diversas picadas de injeções e vitaminas, e de sangue retirado da veia e tudo o mais, ela volta da clinica marchando ao meu lado, toda altiva e serelepe de esparadrapo no braço e tudo.
Estou sem lugar, escrevendo pra desabafar e soluçando enquanto vejo a silhueta da minha Loba passar pela porta de vidro da sala e de quando em quando dá uma paradinha e respira pelo vão de baixo dessa porta, me chamando pra brincar no quintal. Estou com um pote gigantesco de biscoito pra cachorro nas mãos e os deslizo por este espaço quando ela se aproxima pra me chamar, não, não vou abrir a porta esta noite, não tenho coragem de encarar aqueles olhinhos brilhantes que ignoram o cruel destino de sua condenação.
Já faz algum tempo eu escrevi por aqui que todos os cães vão para o céu, e quando você chegar lá, aproveita pra correr atrás daqueles carneirinhos de nuvens enquanto eu não chego. Quando a gente se encontrar novamente, vamos nos sentar na calçada do estacionamento e ficar vendo a cidade passar, como sempre fizemos aqui embaixo.

Um comentário:

Letícia disse...

Como vc mesmo já disse, seja firme, meu amigo. Conheço bem essa dor, sei o que está sentindo. Não a abandone enquanto ela ainda está viva, aproveite breves momentos que ela te chama para brincar, deixe que ela mostre o que quer. Vc ainda tem decisões difíceis pela frente, sabe o quanto essa doença é cruem e a Loba não merece esse sofrimento, merece sua atenção, carinho e principalmente sua força. Seja justo com ela e consigo mesmo. Chore com ela, ela vai saber consolá-lo, eles são mais sábios do que imaginamos. Sinto muito mesmo pela Tammy e por você.