quinta-feira, 28 de julho de 2011

Trem Bão é Coisa Boa Parte Nove


Parte NOVE

Toda orgulhosa de sua arte culinária a boa senhora coloca a comida à mesa e vai anunciando os pratos aos comensais.

_Meus filhos, não fiz nada de mais hoje não, só um comer simples, repara não, ta?

Mais para a semana eu prometo que capricho, hoje vocês vão ter que se agüentar com arroz, feijão batidinho (faz questão de dizer que foi feito na estrela) e carne de panela. Ali tem tomate e uma farinha torrada.

O rapaz enche o prato e saboreia cada porção como se estivesse no mais caro dos restaurantes, sentindo os sabores de sua terra, sabores nunca esquecidos e sempre desejados em todas as vezes que ia aos estabelecimentos comerciais que anunciam tal tipo de cardápio regional e dos quais saía inevitavelmente decepcionado.

Já ela fora mais modesta na quantidade, orientada a ter cautela pelo menos neste primeiro dia.

_Minha filha, vai devagar. Quem não tem costume de comida feita na banha às vezes passa mal, viu?

Para encerrar, doce de leite e queijo Minas, ambos feitos ali mesmo na propriedade e, segundo as palavras da própria visitante, indefectíveis.

Barriga cheia e louça lavada, avó e neto se sentam à sombra das árvores do terreiro para colocar a conversa em dia ao mesmo tempo em que observavam as galinhas, patos e angolas ciscando e os leitões fuçando a terra junto às centenárias raízes. Enquanto isso a moça se fecha no quarto para descansar da viagem e digerir o ótimo almoço e as novidades. Até ali vira muitas coisas que só conhecia das obras de Monteiro Lobato, e isso era só uma fração minúscula do que ainda estava por vir.

Ela não sabia, mas o melhor a fazer agora era mesmo descansar. Ainda teria muitas descobertas pela frente.

Fim da Parte NOVE

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